A “bug out bag” (BOB) é uma mochila de emergência pré-preparada que contém suprimentos essenciais para ajudar uma pessoa (ou família) a sobreviver em situações de crise. É verdade que é impossível prever todos os tipos de emergências que podem ocorrer, mas ter uma BOB pronta e atualizada pode ser extremamente útil em várias circunstâncias.
Imagine a seguinte situação: as nuvens pesadas aparecem no céu de verão. Você sabe que vem uma tempestade. Quando ela chega, rapidamente alaga seu quintal e a água ameaça entrar em casa. Seu bairro inteiro pode ficar submerso nas próximas horas e durante os próximos dias. Essa é uma situação comum em todas as regiões do Brasil.
Outra hipótese: um incêndio florestal ameaça a vizinhança na região do Serrado brasileiro. O vento já trouxe o cheiro da fumaça e à noite, é possível ver o clarão das chamas no horizonte a partir da janela do seu quarto. Os bombeiros batem à sua porta e ordenam a evacuação imediata da área.
Ainda mais remota é a chance de acontecer um terremoto. Em geral, o Brasil registra apenas reflexos de eventos sísmicos que acontecem nos países vizinhos ou no Oceano Atlântico, mas imagine ver sua casa afundar quase 1 metro em relação à altura em que ela estava antes. Os alicerces foram comprometidos e você precisará ir embora junto com sua família para nunca mais voltar.
Você pode achar que isso nunca vai acontecer com você, mas Blumenau (SC) precisou ser evacuada em 2022 por conta das enchentes. Em 2010 foi a vez dos cidadãos de Marcelândia (MT) terem que abandonar seus lares em decorrência de um incêndio e, por mais improvável que pareça, em 2018, o chão se abriu sob os pés da população de Maceió (AL), em função de túneis abertos para exploração mineral. Acho que esses três exemplos deixam a coisa mais concreta.
Isso para não mencionar hipóteses às quais estamos todos sujeitos, mas preferíamos não pensar: milicianos, traficantes ou mesmo as forças de segurança como polícia ou exército podem obrigar você a se retirar da sua casa por um motivo ou por outro. Nessas circunstâncias, aliás, as explicações não costumam ser muito claras. É difícil argumentar contra o cano de um fuzil.
O que é uma BOB
Você terá tempo para fazer apenas uma coisa: pegar sua mochila e partir rumo ao desconhecido. Na melhor das hipóteses, rumo a um local predefinido de evacuação. Espero, sinceramente, que você tenha esse lugar já concreto em mente. Na maioria das vezes, você pode levar até 3 dias para chegar lá. As estradas estarão bloqueadas, combustível será raro e pode ser que você precise se aventurar na mata.
É para isso que serve a bug-out bag (BOB ou mochila de evacuação). Ela tem tudo que você precisa para aguentar 72 horas fora de casa em relativa segurança. Por isso mesmo, ela deve ser organizada antes mesmo de ser necessária. Você deve ter uma sempre pronta para as emergências que costumam chegar sem aviso. Afinal, se avisassem, não seriam emergências…
O que levar
Para facilitar o trabalho de montar uma BOB, dividimos os itens que devem ser mantidos em 12 categorias. Construímos até uma página especial para oferecer um checklist de todos os itens a levar. As categorias são: Abrigo, Hidratação, Fogo, Alimentação, Defesa Pessoal, Primeiros socorros, Vestuário, Ferramentas, Higiene, Iluminação, Comunicação e Itens Diversos.
Achei mais fácil colocar essa lista numa página específica porque ela pode ser atualizada o tempo todo. Todos os dias, eu encontro um item que vale a pena acrescentar ou acho que alguma coisa está redundante. O mundo da sobrevivência é, por sua própria natureza, muito dinâmico e coisas novas aparecem o tempo todo.
É impossível ter uma BOB que sirva a todas as pessoas. Solteiros, casados, famílias, animais de estimação tem kits específicos. Numa situação de crise, quando os recursos são escassos e compactos num único lugar, a decisão precisa ser feita previamente e com sabedoria. São tantos itens para providenciar e organizar que neste post, resolvi priorizar.
Se você ainda não tem uma mochila de evasão ou se está montando a sua, mas se perde no enorme volume de coisas para levar, este post vai focar nas 6 categorias prioritárias. Em outro momento, vou falar das categorias restantes. Por enquanto, você precisa ter certeza de que consegue, no mínimo, manter a hidratação e alimentação, um abrigo aquecido e a integridade física tanto sua quanto das pessoas que estão com você.
A mochila
O ponto de partida, naturalmente, é a escolha da mochila. Existem muitos aspectos e atributos que vão influenciar a escolha, inclusive o preço! Não vou passar muito tempo explicando cada um dos detalhes. Isso pode ser assunto para um post futuro. Por enquanto, vou apresentar os principais atributos de uma mochila confiável.
Ela precisa ser grande o suficiente para manter você e sua família por 72 horas. Mesmo assim, precisa ser confortável e leve o suficiente para que um adulto consiga caminhar longas distâncias com ela nas costas. Tudo que você precisa tem que caber dentro dela. É bom que seja acolchoada, para facilitar a carga.
Você pode achar que consegue escapar de carro, mas as estradas podem estar bloqueadas (como nos deslizamentos de terra do litoral Sudeste e no terremoto de Maceió), o combustível pode estar escasso na sua região ou simplesmente pode haver muito engarrafamento em função da grande quantidade de pessoas tentando sair do mesmo lugar. Provavelmente, uma longa caminhada será sua melhor opção.
A mochila precisa estar pronta e preparada antes de ser necessária. Ela vai conter muita coisa de valor, então é importante que fique à mão, mas não exposta demais. Pode ser tentador demais para seus vizinhos ou para alguém que se aproveite da situação para entrar na sua casa antes de você.
Finalmente, essa mochila precisa se adequar ao seu corpo. Não compre uma mochila desse tipo online sem antes testar pessoalmente. É como comprar um sapato: mesmo que o número esteja certo, se você não aguentar uma longa caminhada com ele, não vai adiantar de muita coisa. Existem vários modelos e você deve dar preferência a alguma que se adeque ao seu corpo.
Água e Hidratação
Dizem que é possível sobreviver por até três dias sem beber água. Pessoalmente, eu nunca experimentei e nem tenho pressa em descobrir. Além de se hidratar, a água também é usada para preparar alimentos e para a higiene. Na maior parte do Brasil, inclusive na Caatinga, é relativamente fácil encontrar água. O difícil é encontrar água tratada.
Pode ser tentador aproveitar a primeira fonte de água que você encontrar. Nunca beba ou consuma água sem purificá-la primeiro. É possível purificar água fervendo ou usando produtos químicos, como água sanitária (duas gotas por litro). Eu costumo carregar um antigo frasco de colírio cheio de água sanitária.
Mesmo com a facilidade de encontrar água, levar uma quantidade inicial pode ser providencial. Você não sabe quanto tempo terá que correr antes de poder parar para filtrar e purificar a primeira quantidade de água. Ao invés de levar um galão de água, prefira um conjunto de garrafas menores. Assim, você não arrisca perder tudo de uma vez num acidente e distribui melhor o peso.
Outras opções também são sacos flexíveis e resistentes, que são mais estreitos e se adaptam à parede interna da mochila. Numa situação realmente crítica, até mesmo preservativos não lubrificados podem comportar até 1 litro d’água, mas é melhor reforçar com uma camada mais resistente.
Ao encontrar uma fonte de água, sua primeira providência será filtrá-la. Isso pode ser feito grosseiramente usando uma bandana, um pedaço de pano ou até uma máscara do tipo N95, mas o ideal é ter um filtro portátil específico para essa função. Com 5 etapas de filtragem e menor e mais leve do que uma lanterna, ele vai remover todas as impurezas físicas da água, deixando-a cristalina.
Depois de tirar o aspecto de suja e o cheiro desagradável, é hora de cuidar dos riscos biológicos da água. Ela pode conter microrganismos nocivos à saúde que são capazes de atravessar o sistema de filtragem. Uma forma de fazer isso é fervendo a água filtrada, mas isso vai consumir tempo e combustível que são muito preciosos durante a fuga. Talvez você prefira usar um purificador químico de alta eficiência. Basta jogar o comprimido na garrafa na proporção recomendada na embalagem e esperar alguns poucos minutos para que seja seguro beber.
Alimentação
Em teoria, é possível passar até três semanas sem comida. Além disso, com um conhecimento básico e com equipamentos leves como um fio de 1 metro de arame ou anzois e linha, é possível obter seu alimento. Talvez carregar comida nas costas não seja sua maior prioridade. Dito isso, é bom ter um pouco de comida disponível na mochila, nem que seja apenas para acalmar as crianças enquanto você pensa nos próximos passos.
Na hora da fuga, o ideal é ter alimentos que estejam prontos para comer e com alto teor calórico. Alimentos que são simples “abra e coma” são ideais. Se você estiver levando enlatados, lembre de ter um abridor de latas compacto com você, caso não tenha um no seu multitool. Feijão cru está fora de cogitação!
Certifique-se de que seus alimentos são de longa duração e estão dentro da validade. Faça uma revisão semestral da sua mochila (aproveitando para trocar também as roupas de frio ou calor). Eles também precisam ser leves, para não aumentar a carga demasiadamente. Quanto mais caloria compacta, melhor (suspenda a dieta por enquanto). Castanhas e cereais secos são ótimos para isso. Se preferir siga a minha receita de barras de energia.
Se você estiver levando alimentos que precisam ser preparados ou mesmo aquecidos, você vai querer um conjunto de panelas de camping. São leves e versáteis e você ainda pode guardar alguns itens de alimentação dentro delas, para poupar espaço. São úteis até mesmo se quiser fazer um café ou um recomendável e reconfortante chimarrão.
Você pode acender uma fogueira e arriscar chamar atenção ou usar um fogareiro portátil. Ele é mais discreto e eficiente, além de não pesar quase nada. Como talheres, você pode usar um “spork” que combina colher e garfo no mesmo instrumento (spoon + fork, em inglês). Pessoalmente, eu uso um conjunto de talheres que se encaixam num canivete. Ele é muito mais fácil de usar e tem opções como abridor de lata e saca-rolhas que podem ser providenciais.
Abrigo
Um dos temas mais controversos quando se fala em evasão é o abrigo. Cada pessoa parece ter uma opinião e isso só comprova que cada pessoa tem necessidades específicas e que é preciso uma boa dose de flexibilidade e adaptação. Fugir no meio do mato é diferente de atravessar bairros de uma metrópole e isso pode ser diferente em Belém ou em Belo Horizonte – ambas cidades com mais de 2 milhões de habitantes.
No interior do Nordeste, onde as chuvas são raras e as noites são quentes, uma simples rede pode resolver seus problemas de pernoite. Outros podem preferir uma barraca de camping, que oferece abrigo dos elementos e protege as crianças de imprevistos. Apesar de volumosas, elas não costumam ser muito pesadas.
Numa situação de fuga a pé, eu usaria uma lona, que é mais leve e versátil. Ela pode ser usada para abrigar da chuva e do vento, ao mesmo tempo que é fresca. Pode ser usada para coletar água do orvalho. Além disso, ela é relativamente barata, mas atenção: não use aquela lona grossa que se encontra na maioria das lojas de emborrachados. Elas são pesadas e barulhentas. Uma lona de camping com a deste link vai atender as necessidades com mais eficácia.
Existem diversas formas de prender a lona. Você pode usar em forma de barraca, apoiada na diagonal ou apenas cobrindo a rede. Basta um pouco de paracord e umas pedras para fixar no chão (se for essa a sua escolha. Essa versatilidade de uso e o peso tornam a lona meu abrigo favorito.
Para manter o corpo aquecido, um saco de dormir em estilo sarcófago é o ideal. De novo, é um pouco volumoso, mas é bastante leve. Não deixe isso passar batido. Dormir ao relento pode ser incrivelmente desagradável tanto em função dos insetos quanto à queda súbita de temperatura. Seu próprio corpo tende a esfriar durante o sono e você vai sentir frio se estiver a céu aberto. A boa notícia é que num país tropical, um saco de dormir não precisa suportar temperaturas abaixo de zero na maior parte do ano e isso o torna mais barato.
A pegadinha é que o chão pode ser bastante úmido e frio. Mesmo dentro de uma barraca, isso pode comprometer seu sono. O saco de dormir é bastante sensível à umidade. Um isolante térmico é uma solução simples para esse problema. Essa é a única peça que fica do lado de fora da mochila, em função do volume. Com tudo isso no lugar, você terá noites tranquilas de sono.
Fogo
Agora que já vimos a importância de ferver água para cozinhar ou purificar e de acender uma fogueira para poder dormir tranquilo, é preciso estudar como fazer isso. O pessoal de bushcraft adora fazer o que eles chamam de “fogo primitivo”. Existem formas de começar uma fogueira esfregando pedaços de madeira, usando a luz do sol ou batendo pedras. Eu prefiro partir do pressuposto que você é uma pessoa urbana e não vai passar tempo praticando esse tipo de exercício.
Fogo serve para manter o abrigo aquecido, cozinhar, secar roupas e também para sinalizar sua presença. Durante o dia, queime alguns galhos verdes com folhas para criar uma coluna de fumaça e à noite, mantenha a chama viva para ser vista de longe.
Para começar uma fogueira, você precisa de apenas dois elementos: um instrumento de ignição e uma isca de fogo. Como esse é um elemento crítico de sobrevivência, eu recomendo uma certa redundância nesses quesitos. Ou seja, tenha ao menos dois instrumentos de ignição e duas iscas de fogo.
Um instrumento de ignição é tudo aquilo que você usa para iniciar a chama: pode ser um isqueiro, fósforo ou uma pederneira. Sobre o isqueiro, acho que um modelo comum pode resolver muitos problemas e é bastante compacto, mas ele tem dificuldade de funcionar sob o vento ou chuva. Um Zippo funciona mesmo molhado e sob o vento e é até estiloso, mas é preciso carregar de fluido constantemente. Os modelos eletrônicos estão ganhando espaço, por causa da segurança, mas eu desconfio da eficácia em situações adversas.
Então, queremos um isqueiro que funcione debaixo de chuva ou vento. Ele precisa manter a chama acesa por um certo período de tempo, até a isca acender e ser pequeno e leve. Um maçarico de bolso preenche todos esses requisitos. Ele pode ser recarregado com facilidade, mas não precisa que isso seja feito constantemente. Se você escolher um modelo transparente, pode ficar de olho na necessidade de recarregar.
Palitos de fósforo não são muito confiáveis. É possível torná-los à prova d’água simplesmente mergulhando a cabeça deles em parafina derretida de uma vela ou em esmalte de unha. Só que isso não resolve o problema de impermeabilizar a lixa. Existem fósforos realmente à prova d’água e vento, que podem ser acendidos em qualquer superfície. Eles são mais caros e podem ser encontrados em lojas especializadas. Também costumam ser um tanto volumosos. Pessoalmente, não são a minha escolha.
Minha forma favorita de ignição em situações de emergência é a pederneira. Ela funciona mesmo quando está enxarcada. A função dela é criar uma faísca quente o bastante para ativar a isca de fogo. Basta arrastar uma peça de metal, como as costas de uma faca. Sua eficácia a torna quase um elemento obrigatório numa mochila de evasão. Esses três produtos são formas confiáveis de ignição. Escolha ao menos dois para o seu kit.
Agora, sobre as opções de isca de fogo: existem diversas opções de combustível sólido disponíveis no mercado. Eles ficam acesos até mesmo flutuando dentro de uma panela de água e valem cada centavo investido. Uma alternativa barata é um pedaço de vela. Eu já usei diversas vezes e até carrego uma vela fina, daquelas de aniversário no meu EDC. Já perdi a conta de quantas lareiras acendi com elas.
Outra opção barata é a palha de aço. Um chumaço desse produto vai gerar brasa quente o suficiente para queimar madeira e funciona mesmo depois de mergulhado em água. Basta agitar para tirar o excesso. Costumo treinar acender esse produto com minha pederneira e é surpreendentemente fácil. Você também pode usar chumaços de algodão embebidos em cera.
Guarde todos esses itens numa caixa à prova d’água e fácil de reconhecer apenas pelo tato. Você pode precisar deles quando a noite já tiver caído. Se não for possível, junte tudo num saco plástico fechado dentro de outro saco plástico ziploc. Você não quer ficar sem fogo!
Primeiros socorros
Algumas farmácias costumam oferecer kits de primeiros socorros pre-montados e eles são muito práticos e eficientes. É uma das poucas vezes que eu acho justificável comprar um kit pronto. A partir do que você encontrar ali, é possível adaptar à sua realidade. Numa situação de emergência, dor ou enjoo podem parecer muito mais fortes do que no conforto da sua cama.
Se você preferir montar seu kit a partir do zero, lembre de ter um estojo facilmente reconhecível. Não use caixa, porque ocupa muito espaço dentro da mochila. Um modelo de estojo flexível e com vários compartimentos é a solução mais adequada. Dê preferência à cor vermelha, que vai chamar atenção de uma pessoa nervosa.
Dentro dele, você vai precisar de itens que resolvam as crises mais prováveis de encontrar: cortes e feridas, bolhas, urticárias e queimaduras, apoio para contusões, remédios e analgésicos, além de material médico. Tente organizar seu estojo nessas categorias, para facilitar encontrar o que precisa com facilidade, mesmo com as mãos tremendo e a vista obstruída. Lembre-se: você estará sentindo dor ou a pessoa que estiver ajudando pode estar nervosa.
Para cuidar dos cortes e feridas, tenha bandagens adesivas, inclusive o modelo quadrado para joelhos e cotovelos. Tenha também lenços antissépticos, para limpar a área afetada. Existem formatos de bandagem para fechar cortes, parecido com borboleta. Além disso, tenha gaze em rolo e em quadrados e esparadrapo.
Bolhas, urticárias e queimaduras precisam de atenção imediata. Elas podem infeccionar com facilidade. Uma fita blister pode ajudar a prevenir ou proteger as bolhas no pé. Lembre também do protetor solar, inclusive labial, porque você vai passar muito tempo caminhando embaixo do sol.
Para contusões, uma faixa de bandagem elástica é uma boa solução. Ela vai manter o osso ou tendão no lugar.
Os remédios, pomadas e material de limpeza mais recomendados também tem relação com os riscos no mato brasileiro. Tenha uma pomada antibiótica e lenços de álcool para feridas. Os analgésicos podem ser subdivididos de acordo com suas funções adicionais. Vale ter ibuprofeno, paracetamol e ácido acetil salicílico (AAS). Para combater alergias e reações alérgicas, leve um antistamínico. Comprimidos de imodium evitam a diarreia decorrente de água contaminada e um antienjoo pode aliviar algum mal estar da viagem. Mantenha esses comprimidos organizados e anote as datas de validade. Finalmente, um colírio é útil quando cai cisco no olho.
O material médico adequado para as surpresas do caminho é bastante simples. Luvas de látex vão proteger suas mãos assim como evitar que alguma contaminação aumente o dano. Depois, uma pinça pode ser bastante útil para tirar farpas e carrapatos que devem surgir. Você também vai gostar de ter alguns alfinetes de segurança para suturas de emergência ou conserto de roupas e barracas. Um repelente de insetos vai ajudar a ter uma noite tranquila e evitar a transmissão de doenças como a dengue. O cobertor de emergência serve para aquecer alguém com hipotermia, mas também como abrigo ou até sinalizador. Por último, um pequeno espelho ajuda a encontrar feridas no próprio rosto e também a sinalizar por ajuda durante o dia.
Lembre de levar itens específicos para a sua necessidade específica. Remédios de uso continuado ou óculos (caso você os use) devem fazer parte do seu kit de primeiros socorros.
Defesa pessoal
A última categoria que vamos olhar neste post é a defesa pessoal. Situações de calamidade costumam trazer o que há mais belo no ser humano: a solidariedade. A capacidade de perceber que o próximo está sofrendo e fazer um esforço para amenizar essa dor. Acontece que o extremo oposto também acontece. Pilhagens, roubos e violência costumam suceder um evento dramático.
Se você estiver diante de uma situação de calamidade generalizada, como alagamentos ou deslizamentos de terra, os recursos ficarão escassos. Sua mochila de evasão será rapidamente cobiçada. Ela contém diversos itens que bandidos ou mesmo pessoas de bem desesperadas vão querer aproveitar. É quase como um baú cheio de tesouro. Você precisa proteger esses bens.
A primeira recomendação é muito simples: aprenda algum sistema de defesa pessoal. Pode ser Jiu-Jitsu, Krav Magá ou outra forma de luta. Mais do que arte marcial, você precisa aprender técnicas de combate corpo a corpo. Você vai entrar em forma e adquirir paz de espírito quando precisar defender sua integridade física e a de sua família.
Eu sempre tenho diversas lâminas junto ao corpo. Desde lâminas de barbear para cortar cordas ou esfolar caça até peças maiores. Eu recomendo ter um canivete no bolso. Mais do que uma arma, o canivete é uma ótima ferramenta para o seu dia a dia. O ponto negativo é que ele costuma ser frágil no eixo da lâmina, então uma faca de lâmina fixa será mais resistente e também muito útil como arma em caso de necessidade. Ela deve ser carregada sempre na cintura em situações de crise. Lembre-se de manter suas lâminas sempre afiadas. Elas são mais seguras dessa forma.
Uma observação sobre a legalidade do porte de lâminas. Na maioria dos estados brasileiros, a polícia pode apreender lâminas com mais de 9 cm. Uma pessoa pode ser detida por cometer esse tipo de infração. No cenário de evasão, estamos tratando de uma situação excepcional em que a polícia terá outro tipo de preocupação e você deve estar se afastando dos centros mais povoados.
Agora, em relação às armas de defesa, existem aspectos a considerar. Eu não posso partir do pressuposto de que meus leitores possuem licença para porte de arma de fogo. Portanto, instrumentos não letais são recomendáveis a todo tipo de público. Para manter um potencial agressor à distância, existem algumas alternativas.
A primeira opção é um bastão telescópico. Mesmo com pouco treinamento (e eu sugiro que você treine bastante!), essa peça pode ser empregada de forma dolorosa em um oponente que tente se aproximar. Outra forma de evitar um contato indesejado é usar um spray de pimenta diretamente sobre o rosto do adversário. Em ambiente aberto, prefira um com jato direto ao invés de nuvem. Aplique e fuja. Não espera para ver a reação!
Essas 6 categorias são as primeiras que você deve se preocupar ao montar uma BOB. A partir delas, é possível ampliar de acordo com suas necessidades específicas. A mochila de evasão deve fazer parte de todo um sistema de preparação que inclui seu EDC, uma mochila do dia a dia e até mesmo a sua casa.
Uma resposta